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Assaltos a ônibus continuam financiando o tráfico: “Celular novo vale 10 pedras”

Foto: Gênesis Freitas/Ônibus Brasil
Do Aratu Online, parceiro do Simões Filho Online

As ações pós-crimes têm como base a busca pelos receptadores de celulares e lojas de desmanche, que Nélis define como estabelecimentos de “ponta de esquina”, rondas nas regiões onde há maior incidência e o rastreamento dos aparelhos roubados. “A intenção é a de enfraquecer o mercado”, explica.

Mercado esse que também é movimentado por parte da sociedade civil, já que são vários os que se valem dos preços reduzidos destes “produtos” para adquirir aparelhos de procedência desconhecida ou duvidosa. “São pessoas que não têm ligação direta com o crime, mas que alimentam ele”.

Mas esses números são fruto de uma redução real ou apenas baseados na subnotificação? Para Nélis, essa justificativa não condiz com a realidade, não só porque o GERRC já é bastante difundido na sociedade, como porque as empresas de ônibus são obrigadas a registrar os crimes. “A difusão da informação é ampla. As pessoas já sabem da existência da especializada e a quem recorrer. Além disso, a própria empresa precisa da ocorrência, mesmo que não tenha nada subtraído. Pra se garantir juridicamente, por exemplo, em caso de cobrança do usuário do transporte, eles precisam do BO”.

A explicação é confirmada pelo diretor de comunicação do sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota. Segundo ele, toda vez que um ônibus é assaltado em Salvador, cabe à empresa justificar o que aconteceu. “Somos obrigados a notificar, porque os assaltos fazem com o que os rodoviários sejam obrigados a ‘queimar’ a viagem e você precisa explicar a prefeitura as razões que fizeram com que a viagem não fosse completada”.

Convivendo diariamente com motoristas e cobradores, ele afirma que tem notado uma redução no número de assaltos, mas diz que é impossível afirmar se a redução é a apontada pela SSP-BA. “Acho que houve uma leve queda. Há pouco tempo, era comum chegar a mim relatos de sete, oito assaltos por dia. Hoje, esse número diminuiu”.

POLÊMICA COM A ANATEL

Apesar dos sintomas de melhora no quadro, o titular do GERRC faz críticas contundentes ao trabalho da Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel. O alvo é claro: a entrada de aparelhos chineses no mercado nacional. Isto porque eles podem ser adquiridos sem o registro do código IMEI, espécie de número serial que funciona como a identidade dos aparelhos.

“É uma falha e uma negligência absurda da Anatel. É como se você comprasse um carro, colocasse a placa depois e começasse a rodar sem que houvesse nenhum registro dos órgãos responsáveis. Isto permite ao comprador do aparelho colocar o número que quiser”.

Ele explica que, como não há fiscalização, a polícia até consegue bloquear os aparelhos roubados, mas, no caso dos equipamentos chineses, é possível trocar o número do IMEI, o que anula a eficácia da medida e permite que os celulares continuem a ser utilizados de forma irregular.

Sobre este tema, a Anatel anunciou, no ano passado, que os celulares piratas, entre eles os chineses, serão bloqueados em todo o país a partir de maio deste ano. O processo terá início no Distrito Federal e em Goiás. Nos outros estados, o bloqueio ocorrerá em duas fases, programas para dezembro de 2018 março de 2019.
Apesar disso, quem já adquiriu celulares falsificados não será afetado. A medida só valerá para aqueles que adquirirem aparelhos sem IMEI a partir de janeiro deste ano.

A ideia do projeto é que as empresas de telefonia avisem, via mensagem de texto, que o aparelho está em situação em regular. A suspensão da linha e do pacote de internet só poderá ser realizada após a notificação.

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