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Baianos pagam R$ 400 por falsas promessas de empregos

As vítima do golpe viajaram com a promessa de emprego garantido e um local para morar. Foto: Perfil News

Um grupo de trabalhadores baianos foram enganados por um agenciador que garantiu vagas de empregos. Em um ônibus alugado pelo agenciador, cerca de 42 trabalhadores saíram no final do mês de abril da Bahia, tendo como destino a cidade de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. A viagem durou quase três dias.

As vítima do golpe viajaram com a promessa de emprego garantido e um local para morar. Mas para isso, cada um precisou desembolsar R$ 400,00 e mais R$ 100.

De acordo com Erionaldo de Jesus Felix, de 32 anos, montador de andaimes, que estava juntamente com dois conterrâneos que também foram enganados, com a falsa promessa de emprego. Eles conseguiram alugar uma casa depois que chegaram a Três Lagoas.

Todos residem em Muritiba, no recôncavo baiano, com pouco mais de 30 mil habitantes, que fica a 114 km de Salvador. De acordo com Erionaldo sua maior preocupação é com as outras pessoas que estão para chegar em Três Lagoas, acreditando na mesma promessa que lhe fizeram. “Tem mais gente de Muritiba vindo pra cá, todos acham que vão chegar aqui e conseguir um emprego. Eles precisam saber que não passa de um golpe”, desabafou.

O montador disse que já ligou para a imprensa de sua cidade para avisar o que está acontecendo e, alertar mais pessoas que possam cair nesse conto.

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O Golpe

De acordo com o trabalhador, um pré-candidato a vereador da cidade baiana, conhecido como Zé do Liu foi quem o procurou para avisar que conseguiria uma vaga de trabalho e alugaria uma casa para quem quisesse ir para Três Lagoas. O próprio Zé locaria o ônibus e a residência, mas os interessados precisariam pagar R$ 400, mais R$ 100 para as despesas do aluguel de uma casa, que nunca existiu.

Wilson da Cunha, carpinteiro, de 34 anos disse que o Zé do Liu contou que teriam 12 vagas de montador e cinco de carpinteiro já arrumadas, e quem quisesse vir para tentar um serviço poderia ir juntos, porque estariam contratando muitas pessoas.

No dia 1 de maio, por volta das 23 horas, 42 homens desembarcaram em terras sul-mato-grossenses. Sem lugar para passar a noite eles dormiram no ônibus, que ficou estacionado na rodoviária, e logo pela manhã, todos foram para o Ciat.

Quando chegaram ao centro de atendimento foram informados que essas vagas não existiam, e que eles teriam que passar pelo mesmo processo que todos os candidatos a vagas. A casa que os trabalhadores pagaram também não foi encontrada, e a partir desse dia começou a luta para conseguir sobreviver em Três Lagoas e arrumar um emprego.

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15 KM à pé procurando emprego

Erinaldo já morou em Três Lagoas em 2007, quando trabalhou em uma indústria da cidade, na área de construção civil. Como já conhecia algumas pessoas, conseguiu dinheiro junto com seus amigos e alugou uma casa. Esses conhecidos também arrumaram alguns itens emprestados, como fogão, geladeira e colchões, os únicos objetos que possuem na casa que fica localizada no Jardim das Acácias.

Alguns dos trabalhadores desistiram e voltaram para Bahia, atualmente eles moram em nove pessoas, em uma residência de dois quartos.

A rotina deles tem sido a mesma nesses 20 dias, saem de casa às 4 horas da manhã, para chegar ao Ciat antes de abrir, em um trajeto que caminham por uma hora. Por dia eles andam em média 15km. Nem sempre eles conseguem encaminhamento para vagas, aproveitam a viagem e procuram alguma colocação no centro da cidade. Recentemente eles foram andando até a Cargill, fazendo um percurso de mais de 20km.

Passando fome

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas os trabalhadores não desanimam, “Infelizmente não foi tudo como esperávamos, está meio difícil, mas um ajuda o outro, e têm pessoas em situações bem piores que a nossa. Esses dias ficamos com dó de dois rapazes e trouxemos para casa, eles estão ficando aqui. Tem gente dormindo na porta do Ciat em busca de emprego. Nós estamos aqui faz menos de um mês, e quem está há meses e não conseguiu nada, tem gente passando fome, por isso não reclamo tanto”, comentou Erinaldo.

Anderson da Silva Conceição de 31 anos, carpinteiro e montador explicou que eles estão sobrevivendo com um pouco de dinheiro que trouxeram. “Fazemos uma vaquinha comprarmos comida, e o Wilson cozinha, assim vamos sobrevivendo. Mas, tem muita gente que fez empréstimo com agiotas para arrumar o dinheiro e vir pra cá, esse pessoal que eu tenho dó, não conseguiram nada e ainda se endividam” disse.

Esperança

Segundo disseram, os três possuem esposa e filhos na Bahia, trabalhavam fazendo bicos em obras pequenas em Muritiba, rendendo um salário no fim de mês. Mas, motivados pela promessa de empregos fácil vieram para Três Lagoas em busca de melhores oportunidades. Entretanto, ficando em MS, além de não conseguir trabalho estão gastando o pouco de dinheiro que tinham guardado.

Mesmo com todos os transtornos, os rapazes não desanimam e esperam conseguir uma vaga. “Não tenho o que falar da cidade, todos nos tratam bem, espero conseguir algo em breve”, disse Erinaldo.

Ele falou ainda que pretende ficar até segunda, dia 23, no município, pois aguarda a reposta de uma vaga, mas caso não consiga vai pegar o caminho de volta pra casa.

Não tenho raiva

Em relação ao conhecido que não cumpriu tudo aquilo que prometeu, o montador demonstra ter um coração muito bom e diz: “Não tenho raiva do Zé, às vezes ele nem quis enganar a gente, apenas ouviu falar que estava contratando, e como é candidato tentou conquistar o nosso voto e da nossa família”, finalizou.

A reportagem tentou falar com o candidato citado pelos entrevistados como responsável pela promessa de emprego e moradia, mas até o fechamento desta reportagem ele não atendeu as ligações.

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