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Quarta cidade mais violenta do País continua sendo ponto de desova de cadáveres

A cidade de Simões Filho tem uma população de pouco mais de 136 mil habitantes, é a sétima economia da Bahia e sofre com uma taxa de 119,9 homicídios para cada 100 mil habitantes. Atualmente, é a 4ª cidade mais violenta do país, segundo Atlas de Violência 2019, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Algumas vítimas só aparecem depois de dias, semanas ou até meses. Elas são achadas em locais de “desova”, principalmente no Centro Industrial de Aratu (CIA) às margens das pistas.

Desova é um grande problema

Só nos 14 primeiros dias deste mês de agosto cinco homicídios foram registrados para o município, desses, três corpos foram encontrados em áreas do Centro Industrial de Aratu e um na Via Parafuso, no trecho da cidade. Apenas um caso aconteceu dentro da região habitada do município, o que torna evidente que a cidade continua sendo ponto de desova de cadáveres.

Os corpos que sempre são encontrados no Centro Industrial de Aratu, são computados para Simões Filho e contribuem de forma determinante para que a cidade continue no topo do Ranking. O último caso aconteceu na manhã desta terça-feira (13/08). Um homem foi assassinado e teve seu corpo jogado no local.

10 anos no Ranking

É fato que há mais de 10 anos o município figura entre as 10 cidades mais violentos do pais. Simões Filho já ocupou o primeiro lugar no ranking das cidades mais violentas do Brasil por três anos consecutivo, 2011, 2012 e 2013 respectivamente. De lá pra cá, a cidade oscila entre os 10, mas nunca deixa a lista.

Ação do Governo

Simões Filho fica à 22 quilômetros da capital Salvador pela BR-324, a mais movimentada rodovia da Bahia. Mesmo assim, a cidade parece está invisível aos olhos dos governos federal e estadual.

O município, por exemplo, nunca recebeu uma atenção especial do Governo do Estado da Bahia com um programa voltado para acabar com as desovas e melhorar a imagem da cidade.

As ações de segurança em Simões Filho, em especial no Centro Industrial, conta apenas com o esforço individual de cada Policial Militar e Civil, que mesmo com pouco efetivo, realizam rondas por toda a área industrial diariamente, o que ameniza a situação. Vale informar que a PM também implementou programas como Proerd nas escolas municipais, mas parece está sozinha tentando combater a criminalidade. Outro detalhe, é que entre as grandes cidades metropolitanas, Simões Filho é unica que não recebeu Bases Comunitárias. Além disso, há muitos anos a população solicita uma Delegacia da Mulher (DEAM) e o aumento do efetivo policial da cidade.

Em maio deste ano, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou as cinco primeiras cidades que integrarão o projeto-piloto do Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta. O projeto, que pretende reduzir os crimes violentos nas cidades com maiores índices de homicídios do país, foi implementado em Ananindeua (PA), Goiânia (GO), Paulista (PE), Cariacica (ES) e São José dos Pinhais (PR). Simões Filho ficou de fora. “Foram escolhidos cinco municípios. O critério principal adotado foram os altos índices de crimes violentos, no caso, assassinatos nesses municípios, aliados a outros fatores específicos relacionados especialmente à questão de ser um projeto-piloto. Portanto, trata-se ainda de uma experiência em desenvolvimento. Se bem-sucedido, o projeto será expandido a outros municípios”, explicou o ministro naquela ocasião.

Diante desse cenário, criminosos continuam utilizando o território simõesfilhense como uma espécie de depósito de corpos. Completamente abandonado, o Centro Industrial de Aratu está na preferencia dos assassinos, pois concentra o maior número de galpões de fábricas desativados na região metropolitana. É comum encontrar no local corpos e até carros incendiados abandonados à beira da estrada.

O que faz o município?

Apesar de ter uma renda per capita alta, a Prefeitura Municipal de Simões Filho peca por fazer um baixo investimento em áreas como educação, lazer, esporte e cultura. A história mostra quer todos os políticos que se apossam do poder, se preocupam mais em realizar obras com fins eleitoreiros, que angariam votos, como no caso de praças e asfaltos, porque simplesmente são visíveis aos olhos da população.

Asfalto sendo colocado no mercado municipal em 2017

O Centro Industrial

O Centro Industrial de Aratu (CIA) é um complexo industrial multissetorial, com mais de 140 empresas. Em sua área encontra-se em operação o Porto de Aratu, além de empreendimentos dos segmentos químico, metal-mecânico, componentes para calçados, alimentício, metalúrgico, moveleiro, de minerais não metálicos, plásticos, fertilizantes, eletroeletrônicos, bebidas, logística, têxtil, serviços e comércio e mais recentemente o segmento Termelétrico.

O Centro Industrial de Aratu gera mais de 13 mil empregos diretos e indiretos. Fazem parte do CIA empresas gigantes como a Coca‑Cola, Tramontina, Dow, Gerdau, J. Macedo e Xerox. E o distrito abriga diversos Centros de Distribuição, a exemplo dos CDs da Avon e Atakadão Atakarejo.

No inicio de 2018, o Governo da Bahia, por meio Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial – a extinta SUDIC – autarquia que era vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), chegou a iniciar um projeto de recuperação de algumas vias, mas com um baixo investimento estimado em R$ 4 milhões. Muito pouco para a grandeza do que representa o local, que continua completamente abandonado.

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