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Salvador, Simões Filho e Camaçari têm água contaminada por agrotóxicos que causam doenças como câncer

Os testes realizados por empresas de abastecimento divulgados em um levantamento elaborado pela ONG Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye, apontou que a água utilizada pela população de Simões Filho, Camaçari e Salvador, na Bahia, está contaminada com agrotóxicos associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. As três cidades aparecem na lista que contém 271 cidades baianas.

Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos e tratados em investigação conjunta da ONG Repórter Brasil, Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento. O estudo utilizou o parâmetro da União Europeia ao realizar a análise.

Veja abaixo a situação de Camaçari, Simões Filho e Salvador e quais substancias venenosas foram encontradas nas águas que chegam nas casas dos moradores de cada uma das citadas.

Camaçari

Segundo o estudo, a água de Camaçari está contaminada com 27 agrotóxicos, dos quais 11 estão associados a doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos; três agrotóxicos acima do limite de segurança estipulado pelo país e 22 acima do limite definido pela União Europeia.

Alguns dos agrotóxicos mais perigosos ultrapassaram os limites europeus em mais de 20% dos testes. Entre eles, o glifosato (como provável cancerígeno) e o mancozebe, ambos associados a doenças crônicas como em Câncer, e o aldicarbe, proibido no Brasil e classificado pela Anvisa como “o agrotóxico mais tóxico registrado no país, entre todos os ingredientes ativos utilizados na agricultura”.

Fonte: Dados de Controle do Sistema SISAGUA, do Ministério da Saúde.

Simões Filho

Já na cidade de Simões Filho, foram encontrados 12 agrotóxicos, dos quais 6 estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas.

Em Simões Filho, os seis venenos associadas a doenças crônicas são: Alaclor, Atrazina, DDT + DDD + DDE, Diuron, Lindano e Trifluralina. O diuron, por exemplo, é um dos principais herbicidas nas águas do município. A substância é uma das apontadas como provável cancerígena pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Além disso, Simões Filho tem outros seis agrotóxicos acima do limite de segurança estipulado pela União Europeia.

Fonte: Dados de Controle do Sistema SISAGUA, do Ministério da Saúde.

Salvador

Salvador também está presente na lista divulgada pela Sisagua. Segundo os dados, foram encontrados 16 agrotóxicos, sendo oito associados a doenças crônicas, como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos; e três agrotóxicos acima do limite de segurança estipulado pelo país e 13 acima do limite definido pela União Europeia.

Fonte: Dados de Controle do Sistema SISAGUA, do Ministério da Saúde.

Saúde em Alerta

O Ministério da Saúde alerta que os venenos podem entrar no corpo por meio de contato com a pele, mucosas, respiração ou ingestão. Os sintomas mais comuns logo após a exposição são mal-estar, dor de cabeça e cansaço. Nos casos mais graves, pode se identificar lesões de pele, tonturas, dificuldade respiratória, podendo ocorrer coma e morte.

Os agroquímicos também podem desenvolver problemas crônicos, que aparecem após algum tempo, como distúrbios como irritabilidade, ansiedade, alterações do sono e da atenção, depressão; dor de cabeça, cansaço, alergias de pele e respiratórias, problemas neurológicos e até alguns tipos de câncer.

Especialistas

O retrato nacional da contaminação da água gerou alarde entre profissionais da saúde. “A situação é extremamente preocupante e certamente configura riscos e impactos à saúde da população”, afirma a toxicologista e médica do trabalho Virginia Dapper. O tom foi o mesmo na reação da pesquisadora em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, Aline Gurgel: “dados alarmantes, representam sério risco para a saúde humana”.

“Isso é um escândalo de saúde pública. Nós colocamos o limite alto, lá na estratosfera, e aí comemoramos que temos uma água segura”, disparou a pesquisadora Larissa Bombardi.

Respostas

O SIMÕES FILHO ONLINE tentou contato com Prefeitura Municipal de Simões Filho, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento desta reportagem.

Já a cidade de Salvador vai discutir o assunto. A Câmara dos Vereadores da cidade receberá nessa segunda-feira (22/04) uma reunião entre membros da prefeitura, vigilância sanitária e entidades do meio ambiente para discutir soluções acerca do resultado obtido pelo estudo.

A prefeitura de Camaçari também foi procurada, mas não se manifestou sobre o estudo.

Já a Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) afirmou que os exames realizados semestralmente entre 2014 /2018 apontam para a inexistência de substâncias agrotóxicas.

De acordo com a divulgação da ONG Repórter Brasil, o Ministério da Saúde diz que a vigilância sanitária dos municípios e dos estados deve dar o alerta aos prestadores de serviços de abastecimento de água para que tomem as providências de melhoria no tratamento da água. “Caso os dados demonstrem que o problema ocorre de forma sistemática, é preciso buscar soluções a partir da articulação com os demais setores envolvidos, como órgãos de meio ambiente, prestadores de serviço e produtores rurais”, diz a nota enviada pelo órgão.

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